Blasés

segunda-feira, 29 de setembro de 2008
É. Não apareci.
Não consegui.
Não pude.
Cheguei a me vestir,
cobri meu corpo com a roupa mais natural que consegui encontrar no armário,
a idéia era me mostrar confortável, exata, perfeitamente encaixada em mim.
Não queria que você vislumbrasse sequer vestígios da desorganização em que fiquei quando você desapareceu.
A desordem era só minha.
Me lembro de você apontando a lua.
"Gosta?"
"Muito"
"Então é sua"
É, você me deu a lua e eu a guardei.
Talvez esse tenha sido o meu erro.
Não se guarda o que não se tem.
E eu, em calma inocência, sem entender direito,
aceitei a lua que seus olhos tristes insistiam em me dar,
mesmo sabendo que ela nunca poderia ser minha.
E, na ânsia de querer aquela lua que nunca poderia ter,
acabei me esquecendo - de que exatamente somos feitos?
É que eu já almejava o sol que você um dia poderia vir a me oferecer,
eu não me contentava mais apenas com as ruas calçadas que ouviram os nossos passos e risos madrugadas afora.
Eu queria mais.
Foi quando seus olhos começaram a me fazer perguntas apressadas e ansiosas.
E eu, que queria tudo - as perguntas, as dúvidas, a lua, você - eu que queria tudo não tinha as respostas pra te dar.

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